terça-feira, 9 de novembro de 2010

Texto amassado.

Hoje é dia 19 do mês frio de janeiro, eu rabisquei em papel que se amassa a mitologia desses seres que não existem para fora do real papel ainda liso, personagens. Atrás de mim tem uma pilha grande de papéis, todos amassados, pequenas bolinhas, grandes bolas de muitos papeis amassados uniformente em conjunto, alguns disformes, outros com potencial de figurarem em catálogo de museu contemporâneo e ainda mais alguns origamicamente abstratos.

Amassar papel é uma arte. Convenhamos. Não é qualquer escritor que bem o sabe. Fácil é escrever bem, texto bonito, expressivo e bem cozido, difícil é atirar com desprezo a literatura porcaria para o rol dos textos para sempre rascunhos. Ainda mais se for com um desprezo sem choro.

As palavras erráticas que saem do meu caos são impressas numa ordem de tal forma tão mal feita que não resta-me dar outro fim seguinte a conclusão do texto do que realizar a materialização física a essa toda malfeição. Conversão à massa, afórmica, assimétrica, de mão imprimindo força de exclusão ao conteúdo ilocucional, comprimindo-o até o mais próximo da não existência, e que se rasge ainda melhor. A progressão entre a palavra, o texto e a bola. Papel amassado quase sempre é bola. Necessário mais imaginação para amassar-se um papel de forma nova do que escrever um Shakespeare.

Últimamente inventei uma nova bola não bola forma de amassar o papel. É o amassado dos mais diversos, descarte de texto com grande pompa e circunstância. Começa-se escrendo um texto dúbel, sem forma, tempo impreciso, um único personagem, sem ação. Onde nada acontece apesar da subsistência ténue de um fio propagando o rolar do texto para lá. Daí faz-se uma dobradura metáfisica no texto. Amassa-se-o transcendentalmente. O texto parecerá novo, próprio a leitura quiça, apesar de ser completamente amassado e relegado a leitura das traças: pelo interior. Será ainda fruto do mesmo descarte que faz uma bola com texto de má qualidade, mas com criatividade.

Eu amassei esse texto!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O mistério nas pessoas

Já parou para pensar no que as pessoas estão por aí fazendo enquanto você não se faz presente? Eu penso nisso constantemente. Eu ontem lia. Escolhi livro novo na prateleira e pus empenho de 4 horas, pausa de banheiro e água e essa foi minha noite.

Interim. Mal sabia que Amanda chorava por estar sozinha. Carlos, meu primo, admitia seu homossexualismo para os país. Fernando pensava na Larissa, mulher que amei, que pensava em mim, odiando. Minha tia velha queimou o braço na assadeira de bolo, de bolo que sai quentinho, bem molhado. O bolo da Tia velha caiu no chão, pois é castigo que se dá a bolo enervado que machuca tia velha probrezinha. No jornal foi notíciado que Carlos S. Gomes, escritor do livro que lia, morreu. Um amigo meu aprendia uma música no seu piano. Meu tio impotente a anos teve uma ereção no onibus e se desesperou não sabendo como usa-la. Minha irmã sorria das piadas sem graça que seu cachorro lhe fazia. O cachorro olhava minha irma querendo o que querem os cachorros. Cumpadi bebia sua cerveja preta. Um grupo de companheiros da univercidade faziam uma festa, mas nem me convidaram!

Um mundo se realiza no espaço, às vezes, grande, às vezes, pequeno, mas sempre entre: um até logo, e um próximo: olá, como vai?.

No tempo curto entre dois cumprimentos, há toda uma medida colossal. Extensão da minha curiosidade, obviamente. É somente no mágico espaço da alteridade que todos os meus sonhos que projeto se tornam possível para além de mim, e quem sabe até aconteçam realmente para esses os outros. Oi Beatriz! Tudo bem? Ai meu deus, quanto eu não pagava para saber o tudinho do ocorrido com ela desde o nosso último encontro. Vai ver encontrou Dante e nunca saberei...

As pessoas exercem essa atração mágica frente a mim, a do imponderável. É por isso que no muito comum dos dias eu fico sabendo das fofocas inutéis e me inquieto estupefado, puxa porque que tudo isso não acontece comigo? Porque que tudo isso não tem nem pretensão de passar na minha esfera de existência a não ser como fato de outro? A minha vida é um grande tédio, a fora todas as odes e idílios que escuto de um Homero fofoqueiro. Eu ouço das muralhas de troia caindo aos pés do exército grego e fico irremediavelmente maravilhado, como deveria. Não que eu seja uma pessoa que procura saber das fofocas, ou que liga para isso, mas aproveito quando elas chegam até mim já que são o veículo do fantasioso tomando vulto, nome e número de cpf, com direito a detalhes lívidos.

O problema são dois. Primeiro, que a matéria de boa literatura, que são as fofocas dos bons oradores e ainda por cima de estórias altamente comprometedoras, são incontáveis, ou quase, pois se forem não graçam de muita mobilidade. Elas possuem essa certa inércia. Segundo é que nunca ninguém fofoca sobre mim, dái concluo sumariamente eu sou um dos tipos mais vulgares, de vida pacata, que vive, come e morre. Sem grandiosidade qualquer. Sem nem ao menos merecer literatura de uso corrente difamatório: mexerico. A minha vida procura por possuir uma estória, necessáriamente verídica, onde eu, protagonista, seja merecedor de boca alheia. Aí sim encontraria a felicidade. Agora entendo Aquiles e sua decisão.

No entanto, aconteceu algo na minha vida que as pessoas encontrariam uma verdadeiramente volúpia de tomar consciência, mas não conto para ninguém.

Não sei porque, mas não conto.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Amo Guimarães, Diadorim nem se falo!

"Como se amar uma pessoa que não se conheçe?"

Ele morreu e nem projeto eu não tinha de nascer. São trinta e sete anos que nos separam, de morte e de nascença. Ele morreu no auge, eu nasci na baixa. Demorei bem 20 anos para travar contato com ele.

Primeira olhada foi assim. Livro bonito, capa branca, quê diferente!, tem título em cordão vermelho, até que se parece sangue em escorrimento... Grande Sertão: Veredas. Título com dois pontos, marca estilística. Dei bola não. Hoje grasso arrependimento por não ter comprado uma das dez mil edições do homem que amo.

Segundo olhar foi ele que deu, puxou papo, falou me leva, por carinho. Livro capa verde, capa dura, capa viril, de conteúdo, de Cordisburgo. Peguei, nem vi nada, pagava preço e meio mas levava. Barato foi. Livro é barato sempre. Li desde então e então foi a primeira vez que um livro me leu também. A sensação foi inconsolável, devassamento. Que história contei eu para o livro? Sei não, sei que agente se esbarrou de novo.

Ano mais tarde passei na Travessa de Ipanema, minha preferida. Procurei livro de bolso grande para levar em mala maior para viagem distante e sozinha, achei Guimarães. Comprei edição comum porque a bonita já tinha esgotado. Procurei tempo grande edição da bonita, mas gente esperta não esperou e levaram todos antes de mim.
Edição comum, de tinta preta em folha branca, de história linda e forte. Como Diadorim.

Faz problema não. Se não comprei o livro, mas sei que a minha edição está dentro da Biblioteca parisiense François Mitterrand e atende por chamada de aula de menino de 8.551. Entrei quieto, com medo da imensidão de parede em livros, procurei língua mãe português e lá encontrei. Capa branca de preto sujo, cordão vermelho desfiado, igualzinho ao sonho e só minha. Pois tinha a certeza que nem ninguém tinha a lido desde tão. Vê-se-lá francês catar livro português. Vi não, nem ninguém não vê.

Foi assim a conhecença e o pertencimento. Eu sou dele mais que ele de mim. Descobri o Guimarães para mim, tá lá no espaço público da seção voltada para o lusófono, pode ir lá ver, conferir, mas não arreda posse que escaramuça de faca não-afiada há de haver. Número 8.551, têm carimbo local em azul e mais uns outros números de ordem de prateleira cheia que ninguém visita.

Como ama-lo? Sei não que amar é coisa de corpo que não se entende. No livro dele tem corpo meu. Não se entende, se ama. E justo entendimento que se não necessita... Eu sempre procuro a elocução da palavra, as possibilidades de dizer limita em muito a capacidade de viver. Em verdade, viver é narrar desde em contínuo sua própria história, tem vida não sem Palavra, com 'p' grande de importância. Viver são duas perninhas entre o 'a' e o 'z' e tudo tá lá dentro.

Ele amou a palavra, eu a amo também. Amamos os dois ela, palavra: Palavra. Eu busquei sempre em formas complexas disnenarráveis tudo o que ele em palavra fecunda de analfabeto criou. Discerrando abismos da natureza humana em língua de jagunço dia-a-dia. O valor da literatura contra o valor da mente que pensa num mundo sem tanto sentido. E Eu amo a literatura como eu amo a vida como eu amo Guimarães. Guimarães criou Diadorim. Eu amo Guimarães, Diadorim nem se falo.

Diadorim é a mulher da minha vida e para além dela. Mulher de vida-vida foram outras, projeções mesmo das que existiram, e mesmo existência d'outra das projetadas. Eu amei muita mulher longe, pouca mulher perto. Amei muita mulher personagem, personagem de história de vida vivida na narrativa. Amei mulher mãe, mulher irmã. Amei mulher fatal. Amei mulher bonita que só. Mas nunca que amei amiga não. Quero amar mulher amiga, de se conhecer desde antanho estórinhas partilhadas em segredo de noite. De saber minúscias de mão em cabelo e sorriso bobo de sem-graça. De amar amando sem entender...

Reinaldo é mulher forte, corajosa. Herói, heroína dos meus sonhos, do meu livro. Do corpo no livro. Beleza de olhos verde, esmeraldadinhas. Pois vou eu amando ela enquanto minha Diadorim não me bate à porta e diz: Cheguei.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

As vezes um cachimbo é só um cachimbo.

Isto é Tomas. Tomas é um homem. Tomas tem um cerébro que ainda irá ser utilizado para duas coisas. Deixo a vocês a caracterização de Tomas, porque Tomas é qualquer um. Um homem genérico, não em específico. Ele não existe e nunca existirá, salvo nesse escrito. Portanto pouca importância há em saber como ele era, a cor dos cabelos ou a raiz de suas crenças. Ele ganhou esse nome porque acabo de ler um livro em que um personagem Tomas, em específico mesmo sem existir, me marcou muito.

Isto é a carta que Tomas escreve. Tomas usa seu cerébro para escrever a carta. Tomas vai se suicidar e Tomas vai deixar ao mundo suas últimas palavras. A carta mesmo tem pouca importância, pois que importância teria o último gesto altruísta de um homem egoísta, pura demagogia. Não nós interessa. Tomas escreve um carta porque eu amo escrever e sempre senti uma afetação muito grande pelos motivos que levam uma pessoa a escrever uma carta. Receber uma carta me marcaria muito. Eu nunca recebi uma carta.

Isto é um revólver. Funciona apertanto uma espécie de alavanca que por um mecanismo intrincado acaba dispondo um pequeno pedaço de ferro no cerébro de Tomas. Tomas usa seu cerébro pela última vez. Tomas é morto. Muitos homens morrem, Tomas é um morto espécifico mesmo tendo sido um vivo genérico. A morte de Tomas nós interessa. Morrer me marcaria muito.

Isto é um cachimbo. O avô de Tomas sempre fumou. O avó de Tomas se suicidou. Tomas vem de uma família de suicídas. O pai de Tomas só não se suicidou porque morreu atropelado, um carro o econtrou primeiro. Ou vai ver foi suicídio. O pai de Tomas era filosófo. Eu adoraria ser filósofo, não ser filósofo me marcou muito.

Isto não é um cachimbo. É a imagem de um cachimbo. Magritte, um pintor, pintou a imagem de um cachimbo, e mesmo sem ser filosófo, filosofou em cima da imagem do cachimbo que não é um cachimbo. O pai de Tomas que era filosófo, mas não pintor, um dia discursou para Tomas sobre o que um cachimbo poderia ser além de cachimbo. A vida de Tomas foi marcada pela traição da imagem do cachimbo.

As vezes um cachimbo não é um cachimbo. No mais das vezes, tudo é algo mais do que aparenta. Ver com os olhos que vêem cachimbo é muito fácil, difícil mesmo é ver com os olhos que vêem o que o cachimbo esconde. Procurar por trás das aparências é o dever de um filosófo. A vida é vasta e as metáforas são perigosas. As metáforas são o que tornam o cachimbo em outra coisa, elas fazem ser o que é em algo totalmente outro. Eu procuro a verdade das metáforas na filosofia e na literatura. Tomas procurou a verdade no cano do revólver, eu ainda quero usar meu cerébro para outras coisas. A vida é muito besta sem as metáforas, eu as procuro para encontrar sabor, mesmo sendo perigoso. Minha vida foi marca pela procura incessante da verdade por de trás do véu que esconde o cachimbo que não é cachimbo, metáforas.

E por que a morte de Tomas nós interessa? Porque a morte de Tomas é só a morte de Tomas, nada por detrás disso. Sem metáfora, sem alegoria. As vezes um cachimbo é só um cachimbo. Ele decidiu não mais viver e que não há mal nenhum nessa decisão. Para mim todas as pessoas são marcadas de idiotas se por ao menos uma vez elas não pensaram na hipótese de suicício.

Isto é um texto. O texto aparenta dizer algo sobre Tomas mas na verdade diz tudo sobre mim. Esse texto não é só um texto. Esse texto é uma metáfora sobre mim.

Fecha o véu, acaba a metáfora, termina o texto.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Linha 12 bis.

"Você era morena, doce, linda. Eu era pequeno, tímido, besta. Estavamos na linha 12 e você desceu em Concorde. Ao sair me pediu licença de uma maneira polída, lembra de mim?"

Saiu assim no jornal o meu anúncio, do lado de outros tantos vendendo carros, apartamentos, oferecendo empregos ou buscando um. Eu procurava ela. Demorei um dia de ansiedade para publicar, foi no jornal Liberation. Cento quarenta e quatro caracteres tipográficoss. O melhor que consegui fazer sabendo que devia respeitar o limite de 150, sem contar os espaços, porque mais não poderia pagar. Saiu já faz um tempo, uma semana. Não tive resposta.

Foi a primeira vez que eu a vi. Como era bela. Metrô de Paris é assim: chaque coup d'œil un amour. Mas com ela foi diferente, me senti esquisito, embarassado, revirado. Ela portava um vestido roxo beringela com uma grossa faixa branca amarrada na cintura fina, um batom vermelho nos lábios rosa, um sapato preto nos pés brancos mas um arco negro nos cabelos negros. Era fina, sensivel, delicada. Gostaria de revê-la ao menos uma vez, e nesse encontro conversar, porque eu já me criei-a tantas vezes na cabeça, um delírio de mulher todas as vezes. Compara-la com meu sonho dela.

Vendo-a sonhei um sonho doce de não querer despertar, mas a estação chegou e o aviso sonoro de fechamento de porta me acordou. Ela foi-se, eu também, ela não sei onde, eu para Madeleine: próxima estação. Entretanto, correndo atrás foi meu anúncio... e se ela lê somente o Le Parisien ou quem sabe o Le Monde? O dinheiro é curto e eu publiquei somente no jornal que leio, ingenuidade pensar que ela compra o mesmo, ainda mais que se detenha a ler seção de anúncios. Quem sabe, a vida é cheia dessas coincidências?

Vai saber espero que ela não responda, pois há muitas respostas possíveis e nem todas elas eu gostaria de ouvir. "Claro que lembro. Eu também te reparei. Achei você muito simpático além de bonito, que tal marcar um copo? Me ligue 01 49 42 87 64, me chamo Michelle. Bisou" Eu acho que Michelle é um belo nome, e combina com ela. Eu ligaria, ou melhor eu liguei, vai que nas bizarras coincidências da vida eu não acertara o número da casa dela, sem querer, no sonho de dia-a-dia? Puxei o telefone e liguei, atenderam, pedi para falar com Michelle mas ninguém morava lá com esse nome. Depois lembrei que não conhecia Michelle como conhecia minha projeção dela e que bem poderia se chamar Camille ou qualquer outro nome.

Outro dia, na linha 9 jurei que a havia encontrado, estava loira, sem arco, sem beringela mas ainda bela. Quem sabe mudara? Quem sabe era outra? Faz já algum tempo que nos desencontramos e começo a esquecer seu rosto, tenho dificuldades para lembra-lo e já não tenho mais a certeza se é lembrança ou invenção. Resta somente as lembranças das lembranças que podem nem ser suficientes para distingui-la na rua, se a encontrasse. Ainda bem que Paris esta repleta de belas mulheres e também de linhas de metrô para encontra-las.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Alegoria da Morte.

Um quarto, um vazio, uma janela, um vazio, eu, mais eu vazio, e outras vezes mais o vazio do meu eu. Infinitamente eu, e o vazio infinito. O vazio meu que faz companhia ao Vazio, eles trocando as confidências, olham um para dentro do outro e descobrem que todos os vazios são repletos de.

O grande mistério da vida, da morte e tudo mais além, se resume ao vazio de um quarto branco e a uma vida vazia de tão branca. No meu quarto há meu quarto, eu e mais o pórtico para o vazio cheio que me faz companhia e a que se chama vida. Porque estou preso neles, no quarto e no vazio, da mesma forma que eles estão presos a mim: quartodespensa do vazio. O branco do quarto faz contraste ao vazio cheio de cor e barulho, e tudo mais que é vazio, que vejo pela janela.

As religiões do mundo procuram todas a verdade do pós-morte. Pois então que nada mais verdadeiro que a morte em si, eu já morri faz muitas vidas, infinitas passadas, infinitas por vir. Eu vivi uma vida cheia depois morri, igual a todas como todos julgam. Morri e me encontrei nesse quarto branco com essa janela que é o inferno. Um quarto pequeno com uma grande janela e por ela se vê toda a vida que se vê quando se vive.

Essa é a morte, ou melhor, o além morte. A condenação a toda a vida, novamente. Eu fico aqui sentado, prostado, preso a rever a minha vida, a reviver do começo ao fim, da não vida até a morte e quando eu me vejo morrendo entra em cena o meu nascimento. Um filme em loop, encadeado, infinito. Faz muitas vidas que morri. Perdi a conta, já não sei mais. A única coisa que sei é minha vida toda, sem resalvas, e toda a consequência que daí advém.

A primeira conclusão que se chega, a que cheguei, pois não assumo que tenham outros como eu que não Ixon, Prometeu, Tântalo e Sísifo, é que a vida é presa ao seu próprio vazio e não importa o que, tudo perde o sentido face ao infinito. O infinito é a arma mais poderosa que existe, ele me oprime e quem sabe vai te oprimir também quando você morrer. É a única prisão inescapavél, o inferno mais macabro, a tortura mais dolorosa, o vazio.

Considerar que cada ato que escolher será escolhido para sempre, irrevogável como a sentença do juiz imparcial sobre o réu culpado, é a vida. Toda ela, toda felicidade, toda tristeza, toda as coisas minúsculas ou mesmo as grandiosas, toda mesma sequência... por sempre mais, sempre vezes mais. Soubesse antes viveria diferente, e nada teria mudado, pois tudo é nada frente ao infinito. O infinito é cheio de nada e esmaga tudo que é nada também.

Vejo minha vida e sinto essa Náusa frente ao Absurdo errático que é a resposta dela frente a minha consciência racional, de morto. A náusea é branca o absurdo é vazio, e os dois são a mesma coisa. Isto não é tudo, isto não é nada. As duas caras da mesma moeda, duas aparências para a mesma coisa, duas palavras que são a mesma.

Imagino toda a vida que vivi e percebo que ela só pode existir dentro de mim, habitat do nada, porque o ciclo infinito mesmo pesa infinitamente menos que a condenação a toda vida não vivida. Todas as possibilidades, tudo aquilo que não foi, do que poderia ter sido, de tudo que eu disse não, tudo que eu queria fazer e não tive coragem, tudo que eu evitei, todas experiencias que não tive, todos os livros não lidos, tudo que não aprendi a fazer, tudo que não senti, de todos que não conheci, de todos que não amei, de tudo que corri de, de tudo que eu quase fiz... e por fim ter a consciência disto tudo, nada que fiz!... será nada para sempre, será nada pois veio dele, e tudonada que não vivi será condenado a prisão de dentro de minha cabeça, de dentro de minha vontade. O Branco.

O quarto é branco e tem razão de ser assim. O branco é a impressão no olho de todas as cores. Da mesma forma é a vida, ela é o conjunto das situações que a compõe. O quarto não poderia ser preto, que é cor alguma, pois está no preto todas as cores que não existem, pois o quarto branco está lá para mostrar o branco; conjunto da vida, mas só para resaltar o preto que é tudo o que não foi. Infinitamente maior que o branco, o Preto.

Lembre-se toda a vida não vivida permanecerá para sempre não vivida. Lembre-se disso e escolha bem o que escolher. Pois eu sou a Morte eu estou dentro de você. Lembre-se que estará preso para sempre no quarto branco. Lembre-se que é no preto que permanece toda a esperança de vida futura, que o preto são todas todas as cores que não conhecemos. Onde se encontra toda vida possível.

domingo, 15 de agosto de 2010

Lingua.

Linguas são feitas para beijar mas a gente também escreve com elas. Passa ela na tinta, depois no papel, que gosto que tem? Pode ter gosto de tudo, que é também um jeito muito complidado de dizer nada. Eu exercito minha lingua, você exercita a sua? De saliva cuspida ou com palavra dita?

Sou brasileiro, falo português, e amo minha língua, mas como minha língua é também língua de muita gente por aí, posso concluir silogisticamente pelas premissas que amo a língua de muitas pessoas. Amo a palavra e a saliva. Por que saliva é palavra mas que não há palavra que se sustente em boca seca sem saliva.

Palavra é literatura, uma lambida dadaísta. Lembre-se Dada começou com tudo. Com a palavra, com a saliva, com a palavra feita de saliva, com a saliva na palavra, com a palavra saliva e com a saliva palavra. Dada. Dada palavra e dada saliva, dá ou não dá?

Sinto falta do português e de usar ele na minha língua, na minha língua a língua. Saudade, palavra linda: de tão difícil tradução mas que não há uma língua da língua portuguesa que não sinta seu sabor amargo. Eu quando sinto saudade da língua eu beijo minha língua, ouço chico buarque e escrevo literatura. Dada começou com tudo e eu, termino.

sábado, 8 de maio de 2010

Amor entropia.

Existem certas coisas absurdas que de fato não deveriam existir...

Sou cientista. Físico-teórico na área de gravidade quântica de loop. Nem tente, digite na wikipedia se curioso. Sabemos todos que a teoria das cordas é insignificante em termos de qualidade e arcabouço empírico-teórico quanto a minha área de atuação. Poderia discutir e facilmente te persuadir, mas discordo que seriamos ambos capazes de te fazer entender o obvio.

Escrevo sobre a entropia. Alguns físicos a definem como sendo o grau de incerteza e desordem associados a todos os sistemas. Eu particularmente adoto a definição dela como a quantidade de que uma reação tem de ser reversível ou não. Basicamente, quando um copo de água fria encosta num copo de água quente existe a certeza de que a água quente ceda energia para o copo de água fria esquentando-o. No fim, os copos terão a mesma temperatura.

De acordo com a lei da entropia não existe possibilidade da água fria ceder energia para a quente resultando em uma água mais fria e outra mais quente. O processo de troca de energia entre os copos é irreversível, sempre a energia fluirá do copo quente para o frio. Zero chance de acontecer o contrário. Zero mesmo, não esse quase zero fajuto da teoria bosônica das cordas. A teoria das cordas é uma coisa absurda e não deveria existir.

Em resumo, apertar a pasta de dentes é um processo irreversível, nada de chances de a pasta voltar sozinha e magicamente para o tubo.

Voltemos, para o texto a seguir é preciso saber o que é entropia, portanto a explicação passada.

O universo é o resultado de um loop de emaranhamento quântico de 11 p-branas dimensionais sem começo nem fim, afinal o tempo é uma dessas p-branas. Nem me pergunte o significado da palavra brana conter um p antes, nem muito menos o que seja uma brana, você não quererá saber. Existem intrincadas leis para o funcionamento dele, o universo, e em especial existe uma constante de estrutura fina que regula a intensidade da força eletromagnética em relação com as forças nucleares forte e fraca. Aproximadamente o inverso de 137. Se esse número fosse qualquer coisa pequena de diferente, qualquer coisa, de qualquer coisa, como conhecemos, não seria possível. Qual a probabilidade de uma dessas branas não ter colapsado na origem do universo?, praticamente acabando com tudo, qual a probabilidade da constante de estrutura fina ser o inverso de 103 ou qualquer outro número, praticamente alterando tudo. O Universo é uma coisa absurda e não deveria existir.

A Terra é uma simples bola de metal vagando por aí num ermo qualquer de um espaço frio e mais vazio que cheio. Acontece que a Terra ao vagar encontrou algo parecido com um Sol no caminho e começou a orbitar em derredor. Probabilidades do encontro astronômico? Certamente, o zero quase zero, não zero, da teoria das cordas. Acaso as velocidades de aproximação, ou o angulo de deflexação gravitacional fossem diferentes a Terra não orbitaria em redor de qualquer coisa parecida com um Sol. O planeta Terra é uma coisa absurda, o sistema Solar é uma coisa absurda e eles não deveriam existir.

Um belo dia a bilhões de anos atrás a vida na Terra surgiu do nada grão de rocha que somente havia. Qual a probabilidade de assim ocorrer? A Vida é uma coisa absurda e não deveria existir. Que me diria ainda que a vida evoluiu em diferentes formas ocasionalmente gerando seres como os humanos, capazes de amar, guerrear, se misturar, se perder e se achar. Antagônicos e ambivalêntes em tudo. Seres Humanos são absurdos e não deveriam existir.

Humanos, por sua vez, aglutinaram-se em grandes centros como qualquer coisa como cidades e passaram a morar juntos. As cidades cresceram e apartir dai, ao invés de morarem juntos, todos os seres humanos começaram a morar separados. Estatisticamente falando, na cidade-bagunça em que moram milhões, qual não é a probabilidade de dois seres em específico se encontrarem. Se todas as possibilidades: de ter dobrado uma rua antes, de ter ido de ônibus, de sua mãe ter morrido um dia antes, de você ter ganho na mega-sena, de desviar o olhar por causa de uma mosca... não, você estava no local certo, circunstancialmente ali para aquilo, encontrá-la. Dois seres mecanicamente determinados a se encontrarem... Dois seres determinados a se encontrarem são absurdos e não deveriam existir.

Do encontro causal-determinístico desses dois andantes, as palavras certas, os olhares certos, a pulsação conjunta, e se o silêncio errado?, se os olhares tortos?, se a pulsação fraca? certamente eles não teriam se apaixonado. Dois seres andantes se apaixonando é tão improvavél pois qualquer motivo é motivo para rejeição. São obviamente absurdos e não deveriam existir.

A paixão pode ser de temporal de verão, chegando negra e pesada, desabamento rápido e depois que suma. Mas não!, ter a certeza que ambos são a plena definição de entropia. Que cada um depois do encontro será como o tubo de pasta de dentes apertado. E quem vai fazer a pasta entrar de volta no tubo? Entropia, pasta fora do tubo, cada um marcou o outro para sempre. Caros senhores nesse mar de absurdos, as pessoas apaixonadas entropicamente são absurdas e não deveriam realmente existir.

Mas existem.

(Dedicado a um casal de amigos, namorados, que são especias por serem também uns para o outro.)

Literatura de Picuinhas.

Homenagem a página em branco:









.



A página em branco me traz agônia, realmente. Não vejo uma sem me alterar. Pórtico para o imprescutado, ponto avante para o desconhecido, chance para o imponderável. E se por acaso me salta uma dessas coisas sujas que vivem dentro de mim? Como vou fazer, e as outras pessoas, que vão falar? Hoje me disseram que eu compro livros como quem compra bibêlos. Compro por que faço coleção?, meros objetos decorativos?. Engraçado que eu ganhei um livro-bibelô que amei, histôria de foro intímo, que você, quem quer que seja, fique de fora.

Compro livros por que eles não tem páginas em branco, se tivessem por que os compraria? E tão certo, cada livro é fixo na sua possibilidade, cada livro traz sua ordem e quem saiba essa ordem não transborde para a minha bagunça.

Com certa sagacidade me perguntarão os quatro leitores que tenho... se bem que eram cinco. Perdi um. Nunca mais tive notícias dele. Não entendo, não deixei páginas em branco! Voltando, perguntarão-me: caro Autor se não suportas as faltas de uma página sem tudo, advertência: sem nada é com tudo, então é sem tudo mesmo, por que largou uma no começo deste mesmo texto? Mas horas, quê idiotas serão estes. Está escrito, uma homenagem. Afinal, posso homenagear o que odeio, certo, ou não?

E para preencher mais uma página em branco que não suporto, este texto.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Carta a uma homem de 40 anos.

Caro Filipe aos 40,

Olá,

Não sei muito bem como começar, mas tudo nessa vida precisa de um começo, e o dessa carta se dá mesmo que na dúvida. Me chamo Filipe Coutinho Pereira e é bem possível que esteja familiarizado com esse nome, não que seja de alguém famoso, pois não é que seja, mas sim da fama que algum obtém de si para si. Sendo ele mesmo, ou você, no caso eu. Sou você à vinte anos passados, hoje tenho vinte anos, mesmo que o hoje não seja hoje. E por que endereço a carta aos seus quarenta? Afinal são seus, não meus. Eu só existo nos vinte. Quem sabe vinte um. Depois vivo, apanho, experimento, cresco, chego ao limite de não me conter mais neste corpo, explodo e não há mais aquele de antes, morro. Dái nasce um outro de vinte e dois para vinte e três totalmente diferente. Mas que também viverá, e também morrerá. Bom assim foi até chegar em você, neste ciclo... Creio que dele você saiba mais do que eu, afinal não minha perspectiva ele é tão somente um porvir.

Dois é um número cabalístico para mim, de fato. As respostas para os problemas de matemática mais difíceis geralmente são dois, todos os números podem ser escritos em somatórios de pontêcias de base dois, dois determina o dual, a antípoda, o maníqueismo, o preto no branco por assim dizer. Além do mais, estabelecemos um diálogo. Dia Logos, duas vozes ou duas razões pensantes. Acretito que você aos quarenta representará simbolicamente o contrário do que sou hoje por ser o meu dual. O meu vinte vezes dois, o avesso do vinte. Acho que ninguém mais interessante nessa vida do que você para se iniciar uma correspondência.

É bem certo que preciso me apresentar apropriadamente, saber que sou o passado de um homem formado não é suficiente, não poderia confiar na sua memória, a minha de jovem já esquece o verso que ontem mesmo ficou impresso na alma. Será que por aí já se existe algum meio de lembra-se de tudo? Se sim, meus pesâmes, a consciência do que se passou é terrível, sou muito mais a imprecisão das lembranças manipuladamente 'acontecidas' pois é nelas que se materializa o não fato. Voltando, tenho a certeza de que a única coisa de que possuímos em comum seja o nosso nome e nem isso é único a nós, lembra-se que no vestibular do falecido dezoito encontramos um homônimo?

Te imagino de certa forma independente quando sei que sou eu mesmo independente, mas com a condição de o ser tão somente quando não estou sozinho. Abro espaço para enunciar um dos paradoxos do 2: Ser independente nas mínimas condições de 2 pessoas, ou o fato de o 1 não se sustentar em mim. Te imagino forte e maduro, quando sou fraco e infantil. Te imagino rico casado com uma linda mulher, pois isso me apetece mesmo sabendo que isso é o segundo nível mais bossal de vida que um sujeito pode levar e sabendo ainda que o primeiro é desejar isso. Te imagino dono de uma riqueza cultural imensa pois isso engrandece meu ego. Te convido a imaginar o homem que existirá aos sessenta. Mais humilde?, mais humano?. Terá família?, Terá histórias de amor?.

Vê-se bem que aquilo que mais me caracteriza hoje é esse certo ar de pretensa erudição com quê de omissa circuspecção. Essa máscara me veêm pegada a cara desde muito já que é por trás dela que escondo copiosamente minhas mais profundas fragilidades. Desde criança fui considerado progiosamente inteligente, aparentemente esforcei-me muito para corroborar com essa caracterização. Hoje só me resta a isso.
Sou de fato inteligente, ou pelo menos nisso acredito em acordo com meus achismos, atenção aos 'ismos' pois neles sou versado e são muitas as teorias que consigo demonstrar para provar que sou especial e único. De fato as minhas filosofias e ciências humanas me servem praticamente para sustentar a farsa do que não sou. Elas são fortes e aguentam todo o peso da minha fragilidade interior. Essas minhas muletas me trouxeram até aqui, sou grato mas tenciono abandoná-las o quanto antes.

"Estou cansado de inteligência, pensar faz mal as emoções." Fernado Pessoa

Sou inseguro com a minha aparência, acho-me feio, repulsível. Espero que você tenha dado um jeito nisso pois eu não fui capaz, espero também que não tenha apelado para plástica mas que tenha se aceitado como é se não for pedir demais. Sou solitário e tenho tendências para me afastar das pessoas que mais gosto e realizar isso neste momento me faz chorar. Um grande problema é que eu sou ótimo para me afastar e horrivel para me re-aproximar. Escondo-me na ilusão de que faço amigos facilmente, irônia do destino. Realmente sou obrigado a buscar outras opções começando laços novamente quando já joguei todos que tive pelo ralo. Ser capaz de rápidas amizades é uma destas teórias de que falei, pelo menos me evita de encarar a realidade da solidão. Muletas de uma manco.

As minhas grandes conquistas foram básicamente duas até o meu presente momento. Aprendi a sentir, hoje sou capaz de divisar meus sentimentos e sentir as dores e alegrias que me cabem. Cada qual sabe a dor e a alegria de ser o que é, e eu aprendi isso. Sou grato aos ensinamentos do dia a dia por tal. Sempre sei distinguir o que as pessoas ao meu redor sentem, mesmo não sendo capaz de fazer muito por isso. Qualquer aproximação do lirismo me emociona profundamente, e as relações humanas pela minha empatia apreendida me move mais do que qualquer coisa.

Consecutivamente, a outra grande conquista foi ter visualizado o mundo como um grande combate, e que devemos aprender a lutar o quanto antes. Creio que demorei e fui passivo por tempo demais na minha vida. Existir é lutar e quem não sabe lutar está morto, viver é em termos provar-se que não morto. Desistir dos obstáculos não é uma opção. Me permito ao fracasso, se realmente for essa a experiencia que eu tiver que passar, só não me permito desistir. Entretanto, devo admitir que nunca ocorreu-me um obstáculo intransponível. Talvez eu arrisque de menos encontrar uma montanha que me faça achar o duro caminho que a circunda pelas beiradas.

Sou mais maduro que a média de minha idade e assumo responsabilidades de um homem em formação apesar de frequentemente me arrepender de assumi-las. Um grandissímo léxico me permite um aporte para entendimentos de pontos de vistas completamente oblíquos e inusitadamente originais. Sempre possuo uma opnião que mesmo bem fundamentada difere de todas as outras em que esbarro, talvez seja essa a forma que encontrei de ser único. Adoro as palavras e apesar de estar me formando em engenharia possuo aspirações de poeta.

Como dizia... Minha palavra preferida é 'perscrutar' que num primeiro encontro se faz de misteriosa de entendimento difícil, mas que depois que perscrutamo-a entendemos com facilidade. Além do mais acho que ela possuiu um sonoridade forte, que marca presença. Sou perscrutador. E como a própria palavra já demonstra aquele curioso que investiga só encontra dor, vide a caixa de Pandora. Um adento, tenho estudado françes e descobri uma palavra muito bonitinha, très mignon, significa populoso mas tem uma sonoridade sublime. 'Peuplé'. Não me pergunte para a ler, ainda tenho dificuldades para pronuncia-la.

Momento sabedoria de Machado de Assis: "O menino é o pai do homem". De fato, se acha que sua vida deu errado você já sabe quem começou isso tudo, fui eu. Eu sou seu pai de certa forma. Acho que fiz até agora um bom trabalho te criando e possuo altas expectativas quanto ao meu futuro, você. Por favor, não me desaponte.

Peço para que me escreva o quanto antes, e que escreva o que estiver na ponta da sua caneta. Só não me conte os acontecimentos históricos ocorridos na nossa separação, prefiro ve-los de primeira mão se desenrolando na minha frente, sou um percrutador afinal.

Por comparações possiveis escrevo banalidades que de certa forma compõem aquilo que sou afora toda a explicação filosofica que você já esta cansado de saber, pois afinal quem a criou foi você um certo tempo a trás, eu. A saber, as últimas que ando sendo:

Não tenho time de futebol. Atualmente uso só All Star. Gosto de ler. Meu escritor favorito é Guimarães Rosa. Faz tempo desde que li meu último livro de filosofia, so ando a ler literatura. Possuo um grupo de amigos fies e presentes. Fui vegetariano a pouco tempo. Me apaixonei. Me diverti muito com meu primeiro carro. Bati meu primeiro carro. Nunca provei caqui. Meu quarto é preto. Faz muito tempo que estou para comprar um mousepad. Visto 42. Fumo cigarrilhas, cachimbos e charutos mas nada de cigarros. Viajarei em breve para a França. Acho que arrotar é falta de educação. Ando curtindo insonmia. Estou terminando a análise. Prefiro cerveja preta. Ando interresado em autismo. Quero convidar uma certa mulher para sair comigo mas não criei coragem ainda. Gosto de jogar Fifa com meus amigos. Meu carro é 2.0 por sinal. Ando falando pouco com minha mãe e muito com meu primo. Tenho três relógios de pulso mas nenhum funciona direito. Ando me liberando artisticamente com a escrita. Descobri que gosto mais de Botafogo do que da Barra. Nunca usei aspirador de pó. Quem faz compras de mercado na minha casa agora sou eu. Gostaria de ter uma camera fotográfica profissional. Não sou fiel aos meus cabeleireiros. Falo: "são uma hora da tarde". Chorei muito vendo "Casa de Areia". Me envergonho de usar sungas. A minha vizinha da frente é loira e mãe. Wander Botelho mora no meu prédio. Cumpadi é meu pai preto, Margareth a mãe loira e Thais a irmã loirinha bombril. Meu quarto está uma zona, livros espalhados por todos os lados. Sempre rio quando ouço: "C'est un bordel chez moi, J'ai besoin d'un femme du ménage". Lembrei da teoria da inveção das cores recentemente, e com isso a teoria do carro de fórmula 1 seco. Gostava de "Jurrasic Park" na infância e continuo até hoje. Tiro meleca quando o trânsito engarrafa e jogo pela janela do carro. Não tenho medo nem vergonha de nada, eu acho. Alias, sungas e me pegarem com a janela do carro aberta no meio do trânsito. Nunca li Borges. Minha pizza preferida é de presunto com catupiry da Domino's na terça, exclusivamente. Não estou bronzeado. Entro com frequência no meu email. Quase morri quando desvirei vegetariano. Operei a garganta e ainda sinto os pontos. Quando escrevo mensagens sempre começo com Olá e termino com até mais. Quase tudo que escrevo é mentira ou Literatura.

Até mais ver,

Filipe um dia antes de completar 20 anos.