quinta-feira, 16 de setembro de 2010

As vezes um cachimbo é só um cachimbo.

Isto é Tomas. Tomas é um homem. Tomas tem um cerébro que ainda irá ser utilizado para duas coisas. Deixo a vocês a caracterização de Tomas, porque Tomas é qualquer um. Um homem genérico, não em específico. Ele não existe e nunca existirá, salvo nesse escrito. Portanto pouca importância há em saber como ele era, a cor dos cabelos ou a raiz de suas crenças. Ele ganhou esse nome porque acabo de ler um livro em que um personagem Tomas, em específico mesmo sem existir, me marcou muito.

Isto é a carta que Tomas escreve. Tomas usa seu cerébro para escrever a carta. Tomas vai se suicidar e Tomas vai deixar ao mundo suas últimas palavras. A carta mesmo tem pouca importância, pois que importância teria o último gesto altruísta de um homem egoísta, pura demagogia. Não nós interessa. Tomas escreve um carta porque eu amo escrever e sempre senti uma afetação muito grande pelos motivos que levam uma pessoa a escrever uma carta. Receber uma carta me marcaria muito. Eu nunca recebi uma carta.

Isto é um revólver. Funciona apertanto uma espécie de alavanca que por um mecanismo intrincado acaba dispondo um pequeno pedaço de ferro no cerébro de Tomas. Tomas usa seu cerébro pela última vez. Tomas é morto. Muitos homens morrem, Tomas é um morto espécifico mesmo tendo sido um vivo genérico. A morte de Tomas nós interessa. Morrer me marcaria muito.

Isto é um cachimbo. O avô de Tomas sempre fumou. O avó de Tomas se suicidou. Tomas vem de uma família de suicídas. O pai de Tomas só não se suicidou porque morreu atropelado, um carro o econtrou primeiro. Ou vai ver foi suicídio. O pai de Tomas era filosófo. Eu adoraria ser filósofo, não ser filósofo me marcou muito.

Isto não é um cachimbo. É a imagem de um cachimbo. Magritte, um pintor, pintou a imagem de um cachimbo, e mesmo sem ser filosófo, filosofou em cima da imagem do cachimbo que não é um cachimbo. O pai de Tomas que era filosófo, mas não pintor, um dia discursou para Tomas sobre o que um cachimbo poderia ser além de cachimbo. A vida de Tomas foi marcada pela traição da imagem do cachimbo.

As vezes um cachimbo não é um cachimbo. No mais das vezes, tudo é algo mais do que aparenta. Ver com os olhos que vêem cachimbo é muito fácil, difícil mesmo é ver com os olhos que vêem o que o cachimbo esconde. Procurar por trás das aparências é o dever de um filosófo. A vida é vasta e as metáforas são perigosas. As metáforas são o que tornam o cachimbo em outra coisa, elas fazem ser o que é em algo totalmente outro. Eu procuro a verdade das metáforas na filosofia e na literatura. Tomas procurou a verdade no cano do revólver, eu ainda quero usar meu cerébro para outras coisas. A vida é muito besta sem as metáforas, eu as procuro para encontrar sabor, mesmo sendo perigoso. Minha vida foi marca pela procura incessante da verdade por de trás do véu que esconde o cachimbo que não é cachimbo, metáforas.

E por que a morte de Tomas nós interessa? Porque a morte de Tomas é só a morte de Tomas, nada por detrás disso. Sem metáfora, sem alegoria. As vezes um cachimbo é só um cachimbo. Ele decidiu não mais viver e que não há mal nenhum nessa decisão. Para mim todas as pessoas são marcadas de idiotas se por ao menos uma vez elas não pensaram na hipótese de suicício.

Isto é um texto. O texto aparenta dizer algo sobre Tomas mas na verdade diz tudo sobre mim. Esse texto não é só um texto. Esse texto é uma metáfora sobre mim.

Fecha o véu, acaba a metáfora, termina o texto.

Um comentário:

  1. Nossa, profundo e difícil, ahhaha.
    Força a minha pobre mente =/
    Pelo visto vou ter q ler de novo...hahaha
    =p

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